Cisco afasta executivo envolvido em importação irregular


A Cisco, maior fabricante de equipamentos para redes de internet do mundo, demitiu seu vice-presidente para América Latina e Caribe, Carlos Carnevali. Fundador e ex-presidente da empresa no Brasil, Carnevali é réu em processo que corre na 4ª Vara Federal Criminal de São Paulo e responderá pelos crimes de importação fraudulenta e uso de documentos falsos.

Desde que a Operação Persona foi deflagrada, em 16 de outubro, a Cisco manteve a política de afirmar que desconhecia todas as acusações feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, mas que cooperaria com as investigações. Paralelamente, a empresa realizou uma auditoria interna e, agora, afirma ter informações que sugerem que Carnevali "mantinha planos para benefício próprio".

"Esta atividade era totalmente distinta dos interesses da Cisco, suas práticas de negócios padrão e princípios éticos e trouxe danos significativos para a companhia", diz a empresa em nota.

O juiz Luiz Renato Pacheco Chaves de Oliveira, da 4ª Vara, aceitou ontem as denúncias do Ministério Público contra Carnevali e mais 15 pessoas, que agora vão responder a processo criminal. Elas são suspeitas de terem montado um esquema de subfaturamento de importações com o objetivo de sonegar o pagamentos de impostos. As fraudes alcançariam 1,5 bilhão de reais.

Segundo a denúncia do Ministério Público, as fraudes beneficiariam a matriz da Cisco, nos Estados Unidos, como exportadora, e a sua filial brasileira, como importadora. O esquema contaria com o apoio da Mude Comércio e Serviços e de outras empresas brasileiras e americanas, reais e fantasmas, que serviam de intermediárias das transações.

Em escutas telefônicas, Carnevali também foi flagrado falando sobre uma doação de R$ 500 mil ao PT. O executivo está preso em São Paulo desde o dia da operação da PF. Outros funcionários da Cisco detidos já foram soltos.

Na nota, a empresa também prometeu tomar "medidas disciplinares" se descobrir que outros funcionários violaram a lei brasileira ou seu código de conduta de negócios.

O juiz passará agora à fase de interrogatório dos réus. O depoimento de Carnevali está marcado para o dia 5 de dezembro.

O Portal EXAME ainda não conseguiu localizar o advogado de Carnevali para que ele pudesse responder às acusações.

Fonte: Portal EXAME