'Abertura' de programas da Microsoft não convence União Européia




Comissão considera decisão insuficiente frente a acusações de monopólio.
Empresa de software anunciou divulgação de informações sobre Windows Vista e Office.

A Microsoft anunciou a liberação dos códigos de alguns de seus principais softwares nesta quinta (21), mas não convenceu a Comissão Européia, para quem a decisão não resolve uma questão crucial sobre a maneira pela qual os produtos da empresa se interligam. Segundo a Comissão, a produtora de software já havia feito promessas semelhantes no passado.

Serão divulgadas informações importantes (API, sigla em inglês para interface de programação avançada) sobre o funcionamento do sistema operacional Windows Vista e dos programas Windows Server 2008, SQL Server 2008, Office 2007, Exchange Server 2007 e Office SharePoint Server 2007, bem como todas as futuras versões desses produtos.

As decisões da Microsoft aproximam a empresa da tendência de desenvolvimento de software que está tomando impulso na internet e se baseia em criar novos programas utilizando partes de aplicativos existentes. Companhias de internet como o Google e o Facebook adotam esses sistemas abertos, e o mesmo se aplica ao software desenvolvido cooperativamente, como o Linux.

  • Compatibilidade em jogo

A Microsoft afirmou que os clientes desejam que todos os sistemas de computação sejam capazes de operar uns com os outros, independente se são executados sobre Windows ou Linux. Os clientes também querem transmitir e compartilhar informações e dados facilmente entre diferentes sistemas.

O presidente-executivo da Microsoft, Steve Ballmer, que definiu o impacto financeiro das medidas adotadas quinta-feira como "relativamente mínimo", reconheceu que a Microsoft pode perder algum mercado como resultado dessas políticas, mas disse que aquilo que é bom para os consumidores em última análise será bom para a companhia.

"O sucesso da Microsoft em longo prazo depende de nossa capacidade de oferecer uma plataforma de software e serviços aberta e flexível, e de propiciar liberdade de escolha aos nossos clientes", disse ele.

A Microsoft foi criticada por excluir concorrentes ao incorporar de maneira muito estreita ao Windows componentes como seu player de mídia. A empresa também foi acusada de manter em segredo detalhes sobre produtos que criadores rivais de software precisam para garantir operação correta de seus produtos com o Windows e outros produtos da gigante.

Em um exemplo citado pela Microsoft, agora se tornará mais fácil para criadores externos de software desenvolverem um aplicativo de email para concorrer com o Office Outlook, porque eles dispõem das mesmas informações que os engenheiros da Microsoft sobre como se conectar ao servidor Microsoft Exchange.


  • Europa quer mais

Em setembro, um tribunal da União Européia manteve uma decisão histórica que determinou que a Microsoft abusou de sua posição dominante no mercado de sistemas operacionais.

O tribunal aprovou as sanções da União Européia contra a Microsoft por integrar aplicativos e se recusar a fornecer a produtores de software servidor informações que permitiriam que seus produtos trabalhassem facilmente com o Windows.

As autoridades regulatórias européias dizem que o anúncio da Microsoft na quinta-feira se assemelha a promessas que a empresa fez no passado. A Microsoft afirmou que se trata de um avanço significativo e informou que já tinha publicado documentação importante em seu site.

"O anúncio não se relaciona à questão de a Microsoft ter ou não seguido as regras antitruste da União Européia nessa área, no passado", afirmou a União na quinta-feira.

Em janeiro, a Comissão Européia lançou nova investigação antitruste sobre a empresa, para determinar se ela violou as normas de defesa da competição para ajudar na disseminação entre os usuários de seu browser e seus produtos Office e Outlook.