Rodrigo Padula de Oliveira - Quem sabe ensina

O Projeto Fedora, distribuição Linux patrocinada pela Red Hat, anunciou os novos embaixadores que formarão o Famsco, Fedora Ambassadors Steering Committee. O comitê, formado por um brasileiro, um francês, um italiano, dois norte-americanos, um suíço e um alemão, conta com recursos da Red Hat USA e é responsável pelas estratégias de marketing e organização da comunidade global do Fedora.

Rodrigo Padula de Oliveira, brasileiro re-eleito e candidato que recebeu o maior número de votos (41 dos 69), vem ao Fisl 9.0 para apresentar as tecnologias, subprojetos e novidades da distribuição.


  • Como é o processo de seleção para o Comitê?

Rodrigo Padula de Oliveira: O comitê é formado por embaixadores do Projeto Fedora. As eleições funcionam da seguinte forma: qualquer embaixador pode se nomear candidato, durante o período de nomeação estipulado pelo comitê vigente. Cada candidato, publica na wiki internacional sua candidatura e cadastra o seu histórico no projeto e seu perfil de colaborador dentro do Fedora. Basicamente, o que fez e faz, além de seus planos futuros. Depois de encerrado o prazo de candidatura abrem as votações onde todos embaixadores podem votar nos candidatos com suas senhas e logins.


  • Quais foram os números da eleição e tuas propostas?

Rodrigo Padula de Oliveira: Minhas propostas foram a integração e difusão do projeto Fedora na América Latina, ampliação do número de usuários e colaboradores latinos no projeto e participação e organização de eventos.

Nesta eleição foram 11 candidatos. Você pode votar em branco, em alguns ou em todos. Os sete mais votados são eleitos. Nesta eleição tivemos 69 pessoas votando. Apenas 1/4 dos embaixadores votaram. Muitos se cadastram como embaixadores, mas não são muito ativos. Dos 69 votantes eu fui contemplado com 41 votos, sendo o membro eleito com o maior número de votos.


  • Quais são os recursos destinados para as comunidades locais?

Rodrigo Padula de Oliveira: Não temos valores. Geralmente pedimos recursos de acordo com a necessidade para cobrir eventos e produção de DVDs de cada release do Fedora. Hoje, além de apoio do Fedora Project, que é financiado pela Red Hat USA, recebemos apoio da Red Hat Brasil, que cobre desde a produção de banners de propaganda, DVDs, canetas e adesivos para distribuição em eventos, universidades e pela internet até o pagamento de passagem aérea e hospedagem para membros do projeto palestrarem em eventos de todo o Brasil, contribuindo assim não só com o projeto Fedora brasileiro mas com todo o movimento do software livre e eventos realizados em todos os cantos do país.


  • Vocês participarão do fisl 9.0?

Rodrigo Padula de Oliveira: Sim. Já estamos com um evento comunitário e duas sessões de palestras aceitas. E mais cinco propostas sobre o Fedora, suas tecnologias e subprojetos aguardando aprovação da comissão organizadora do fisl9. Já conversamos com a Red Hat Brasil e, como no fisl 8.0, eles deverão apoiar quatro embaixadores com hotel e passagens, além de estande e material.


  • E qual é o retorno por participar de projetos como este?

Rodrigo Padula de Oliveira: A participação neste tipo de projeto é muito interessante, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Através das minhas contribuições e participações fiz uma grande quantidade de contatos nacionais e internacionais. Com o meu maior envolvimento, passei a ser convidado para palestrar em vários lugares do pais, cobrindo todas as regiões do Brasil.

Além de conhecer grandes profissionais e entusiastas do software livre fiz muitas amizades e contatos profissionais. Então sempre sou convidado para os maiores eventos da área, chamado para palestrar em universidades e faculdades, surgem até mesmo propostas de emprego. Além das propostas, com o envolvimento num projeto como o Fedora, me aprimorei muito profissionalmente estudando e ajudando outros.

No mundo do software livre ninguém é dono do conhecimento, ele é difundido, distribuído e melhorado constantemente. O grande lance do software livre é esse, a liberdade de conhecimento. E ninguém teme perder uma vaga por passar seu conhecimento adiante como acontece nas empresas, e no mercado. No softwre livre não há tanta competição. Quem sabe ensina.


  • Como está o projeto, no país?

Rodrigo Padula de Oliveira: Hoje temos uma equipe muito boa no Brasil. Trabalhando com tradução, documentação, empacotamento, escrevendo e publicando artigos para revistas nacionais e internacionais beneficiando assim usuários Fedora de outros paises como EUA e Austrália.

E agora estamos trabalhando em um novo projeto, uma revista digital sobre o Fedora, onde publicaremos artigos, noticias e entrevistas, ampliando a nossa produção de documentação e material de suporte para a comunidade do software livre nacional. Manteremos todas as informações no site do projeto Brasil.


  • Além do comitê, você trabalha em mais algum projeto?

Rodrigo Padula de Oliveira: Trabalho no Centro de Catalogação das Forças Armadas, no Rio de Janeiro, e uso todo o conhecimento que adquiri dentro da comunidade, logo o software livre é totalmente viável como profissão. Entrei aqui trabalhando com banco de dados, que é a minha área, (faço mestrado na linha de banco de dados da COPPE/UFRJ) e hoje atuo na administração de servidores Red Hat e Fedora.

Toda a infra e o desenvolvimento de software é amparado por software livre, servidores Fedora e Red Hat Enterprise Linux e todas estações de desenvolvimento são Fedora.

Estou trabalhando também no projeto OLPC, usarei o XO na minha tese de mestrado na UFRJ, onde trabalho com pesquisas na área de gestão do conhecimento e navegação colaborativa. A idéia da minha tese é implementar mecanismos que melhorem a experiência de navegação estimulando a colaboração.