Conheça o sistema Big Linux


O TecnoGuia experimentou a nova versão do sistema que desmistifica a idéia de que o Linux é complicado

‘‘Linux é difícil!’’ É comum se ouvir esta frase de usuários domésticos sobre o sistema operacional alternativo ao Windows que vem ganhando espaço em empresas e instituições governamentais e que agora está cada vez mais perto das residências. Para quem ainda acha que esse software livre é somente coisa de experts em informática, o TecnoGuia traz uma análise do Big Linux, uma distribuição (versão modificada do sistema Linux) que ainda é pouco conhecida no Ceará, mas que merece um espaço ao lado do Windows no seu disco rígido.

O sistema operacional Big Linux é desenvolvido no Brasil por diversos colaboradores e tem como mantenedor o jovem Bruno Gonçalves, de Brasília. Para tornar-se um sistema muito fácil e poderoso, o software funciona utilizando os melhores recursos de um ou de outro sistema de código aberto baseado em Linux, como o elogiado Ubuntu — de onde vêm os repositórios (links para programas e pacotes) —, o Kurumin e o Kanotix, entre outros.

O ‘‘Big’’, como é chamado por seus usuários, traz diversos programas essenciais para o dia-a-dia de um usuário comum ou para empresas de qualquer porte. Estes programas são dispostos em categorias como escritório, gráficos e internet. ‘‘Desta forma, fica fácil para o usuário encontrar o programa que deseja’’, afirma o cearense Lucas Filho, consultor da Open-Ce Tecnologias e Serviços e um dos colaboradores do projeto do Big Linux.

Para quem está acostumado com a interface gráfica do Windows, o visual do Big não decepciona. O sistema oferece várias opções de aparência, muitas delas bem semelhantes ao Windows. O diferencial é que, facilmente, o próprio usuário pode modificar itens do sistema — como o nome e o ícone do menu ‘‘Iniciar’’, por exemplo — da maneira que desejar. Logo de cara se pode escolher sete visuais diferentes para testar o Big Linux. E após sua instalação, é possível mudar facilmente o visual.

O reconhecimento de hardware e periféricos, como impressoras, câmeras digitais e outros dispositivos, é mais um ponto forte do sistema. ‘‘Certa vez, no apartamento de um amigo, passamos cerca de 40 minutos para baixar o programa de instalação e configurar uma impressora no Windows. Já no Big Linux, a mesma impressora foi instalada em aproximadamente 10 segundos e com um detalhe: só tivemos que conectar o cabo USB. O Big Linux fez todo o restante sozinho. Isto sim é um verdadeiro sistema plug-and-play (conectar e usar)’’, comenta Lucas.

Mas nem todas as impressoras ou dispositivos são reconhecidos facilmente. Usuários de equipamentos da marca HP, por exemplo, podem contar com dicas e alguns projetos relacionados ao Linux em sua página na internet (www.hp.com.br). Segundo o consultor, é melhor ver primeiro se o equipamento já é compatível antes de adquirí-lo.

‘‘Não é pelo fato de ser Linux que é difícil. Àqueles que tiverem alguma dificuldade em usar o Big Linux, o Fórum de usuários que pode ser acessado no endereço www.biglinux.com.br/forum, conta com usuários dispostos a ajudar de forma colaborativa e gratuita’’, diz o consultor.

A atual versão do Big Linux é a 3.0. A versão avaliada pelo TecnoGuia foi a 4.0 beta. Ainda em testes e avaliações, a versão 4.0 final está prevista para chegar nos próximos meses. Com distribuição gratuita através de download de um arquivo para criação de um Live-CD — que permite rodar o sistema sem a necessidade de sua instalação no disco rígido, se o usuário preferir —, o Big Linux pode ser obtido através do site www.biglinux.com.br. 

AJUSTES E EFEITOS
Software é totalmente personalizável

A personalização do Big Linux também é algo que se destaca neste sistema operacional de código aberto em relação aos demais — e, principalmente, em relação ao Windows. O software permite que o usuário leigo modifique facilmente itens como o papel de parede, botões de janelas, menus, cores e até mesmo colocar uma foto sua ou imagem — a logomarca da sua empresa, por exemplo — no menu ‘‘Iniciar’’ do sistema operacional.

O Big Linux foi a primeira distribuição a oferecer, por padrão, os recursos em 3D — coisa que só veio surgir para usuários do Windows com o Vista. Os sofisticados efeitos em três dimensões chamam a atenção — e até servem como distração e brincadeira para boa parte dos usuários, que literalmente brinca com os elementos da tela. Dobrar uma janela como se fosse de papel, vê-la pegando fogo ao ser fechada, entre outros efeitos curiosos, são recursos possíveis com poucos cliques do mouse e um computador de médio porte. Tal sofisticação visual, no Windows Vista, requer uma máquina bem equipada. No Big Linux, isso pode ser feito em um PC com memória RAM de 256 MB.

Outro recurso do sistema é o zoom da tela, útil em apresentações ou para usuários com problemas de visão. ‘‘Durante as aulas em unidades educacionais, conseguimos ampliar a imagem da tela por completo, em média, em 15 vezes. Isto faz com que os alunos acompanhem em detalhes toda a imagem, seja ela um botão ou um pequeno ícone’’, destaca o consultor Lucas Filho.

AMEAÇAS DIGITAIS
Sistema é mais seguro do que o Windows

Um dos maiores incômodos e preocupações que acometem os usuários da internet hoje em dia são as ameaças à segurança das informações. Antivírus, antispywares, antiadware e firewall são algumas das ferramentas que o usuário deve ter e manter sempre atualizado em seu computador para tentar – sem ter plena certeza de sua eficiência – driblar as ameaças como vírus, invasões e roubo de senhas, para se sentir seguro no mundo online. Como está presente em mais de 90% dos computadores pessoais em todo o mundo, o Windows é o sistema operacional que tem sido o maior alvo das pragas virtuais. Isso significa que os usuários de sistemas baseados no Linux, como o Big Linux e o Ubuntu, estão mais seguros.

Segundo o consultor Lucas Filho, é comum entre os usuários de sistemas do meio Linux nem se incomodarem em instalar programas antivírus em seus computadores. ´O antivírus que às vezes se usa é para o próprio Windows´, diz o especialista, relatando que muitos usuários mantêm o Windows em alguma partição do disco rígido e, ao acessar os arquivos deste sistema através do Linux, podem usar o antivírus como precaução. ´Não temos relatos de ameaças de spywares para roubo de senhas ou de vírus que possam apagar arquivos no Linux´, diz Lucas Filho.

O consultor afirma que, mesmo se ocorresse alguma infecção no Linux, os danos ficariam restritos somente à pasta do usuário, sem comprometer os demais arquivos do sistema ou de outros usuários do computador. Outra vantagem é que, usando este tipo de sistema operacional, o usuário não corre risco de executar por engano algum arquivo malicioso presente em e-mails falsos (os chamados ´phishing scams´). ´No Linux, nenhum arquivo executável se executa por si só´, ressalta Lucas Filho, que como usuário do Big Linux, afirma clicar, sem a menor cerimônia, nos links de e-mails suspeitos que recebe, só para matar a curiosidade de ver que tipo de golpe se trata. 

FIQUE POR DENTRO
Vírus destinados ao Linux ainda são raridade

Com a gradual popularização dos sistemas baseados no Linux, é provável que também cresça o número de ameaças voltadas para essa plataforma - o que atualmente ainda é raro. Já se tem notícia, no entanto, de vírus ´cross-platform´, um novo conceito de vírus que rodam em vários sistemas. Um exemplo é o Bad Bunny, o primeiro vírus para o OpenOffice.

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com