Mais de 90% dos PCs vendidos com Linux viram "Windows piratas" na AL

O presidente da Positivo, Hélio Rotenberg, em entrevista ao portal norte-americano Cnet.News, publicada nesta quinta-feira, 17/04, admitiu, oficialmente, que a explosão das vendas de computadores no mercado brasileiro - incentivada por medidas oficiais do governo, em especial, para os PCs com Linux, também é uma significativa porta de entrada para a pirataria na parte de sistema operacional.

Segundo Rotenberg, os consumidores usufruem do preço baixo em Linux e compram o sistema operacional Windows, pirata, para rodar nas máquinas. Na Positivo, por exemplo, Rotenberg assume que mais de 70% das máquinas Linux comercializadas ganham versão "pirata" Windows em menos de 24 horas.

Reportagem revela ainda que o varejo na América Latina assumiu o papel de "banco" na parte relativa à concessão de crédito, parcelando a compra dos eletrodomésticos e, principalmente, dos PCs, em até 36 vezes. "O mercado de crédito mudou drasticamente", afirmou o analista do Gartner, Luis Anavirtate.

"O varejo no Brasil, Chile, Argentina, Peru e México está se transformando em banco. Eles viabilizam as compras, em especial, no mercado de computadores", completou o analista do Gartner. Os números do Instituto com relação à troca do Linux por Windows pirata é reveladora: O Gartner diz que na AL, mais de 90% dos computadores Linux viram "piratas" Windows.

Com relação ao Brasil, que registrou em 2007, uma venda de 10,7 milhões de PCs, número maior do que o de televisões comercializadas, a reportagem afirma que as medidas governamentais foram um impulso significativo para levar o Brasil a figurar na quinta posição mundial de venda de PCs.

A matéria, no entanto, faz um alerta: O consumidor brasileiro aproveita as vantagens ofertadas pelo governo para máquinas com o sistema operacional Linux, decisão estratégica do governo Lula, que endossa a política Open Source, para que em menos de 24 horas, faça a instalação de uma versão "pirata" do sistema operacional Windows, da Microsoft.

Os dados são referendados pelos fabricantes nacionais. O presidente da Positivo, Hélio Rotenberg, entrevistado para a matéria, confirma que cerca de 70% a 75% dos consumidores da fabricante compram máquinas com Linux e as convertem para o sistema operacional para Windows, a maior parte com a aquisição de versão "pirata".

A Positivo ocupa a primeira posição no market share nacional de venda de PCs e está presente nas casas de varejo de maior apelo popular como, por exemplo, as Casas Bahia. Já as marcas norte-americanas, como HP e Dell, observa a reportagem da Cnet.News, estão à venda nas casas voltadas para o público de maior poder aquisitivo, como a Fast Shop.

Ser ou não ser: Eis a questão para o Software Livre

A reportagem é relevante, principalmente, nesta semana, que acontece a nona edição do Forum Internacional de Sofware Livre, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Mais de sete mil pessoas estão reunidas discutindo o presente e o futuro do Open Source no Brasil e no mundo.

Na abertura do Fórum Internacional de Software Livre, realizada nesta quinta-feira, 17/04, na capital gaúcha, segundo reportagem do portal Terra, o presidente Lula foi representado pelo coordenador do Comitê Técnico de Implementação Software Livre, Marcos Mazoni.

O executivo, que também é presidente do Serpro, leu que uma mensagem do presidente na qual Lula reiterou que "o software livre é uma das soluções para acabar com o "fosso secular" entre os que têm acesso à informação e os que não têm".

O ponto alto da abertura do Fisl9.0 foi a manifestação do governador do Paraná, Roberto Requião, observou ainda o portal Terra, em um discurso lido, mas fervoroso, o governador paranaense criticou de forma veemente aqueles que "monopolizam a tecnologia". Disse que ainda há muito o que fazer no que diz respeito à inclusão digital, mas que estão ocorrendo avanços no campo do conhecimento.

O governador contou como foi a implementação dos sistemas de software livre no governo do Paraná. "No início, foi muito difícil, pois a expectativa era que o novo sistema iria dar muitos problemas e comprometer o funcionamento das atividades públicas", reiterou o governador do Paraná.

Aplaudido de pé, inclusive pelo presidente da Linux Internacional, Jon "Maddog" Hall, Requião comemorou junto com o público a economia de mais de R$ 180 milhões com a utilização de sistemas de código aberto. Essa verba, segundo ele, foi revertida para projetos de inclusão digital e melhoramentos nos sistemas digitais do governo.

O vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó, foi o último a falar. De forma breve, ele disse que o Estado gaúcho também incentiva o uso do software livre que, para ele, é uma questão de liberdade de escolha, e enfatizou a diferença entre software livre e software gratuito.

O desafio, agora posto à mesa pela reportagem do portal Cnet.News para quem defende o open source, é criar estratégias de convencimento das vantagens do Linux para o consumidor final, uma vez que os números do Gartner e a própria afirmação do presidente da Positivo, maior produtora de PCs do Brasil e segunda na região, reiteram que a troca do software livre pelo Windows pirata é uma prática comum dos usuários.