Fedora x CentOS x Red Hat

Quem trabalha com informática em algum momento da vida já ouviu falar ou usou uma dessas três distribuições. No entanto, algo que é meio obscuro é a estreita relação que as três distros apresentam entre si (e esta relação não é somente o fato de as três terem a poderosa Red Hat por trás) e como cada uma pode ser usada para fins bastante específicos. Então, se você nunca entendeu qual das três escolher para o seu caso, este é o artigo certo.

Fedora:

O Fedora nasceu em 2003 como uma iniciativa da Red Hat. Nessa época, com o aquecimento do mercado de software a Red Hat, que já mostrava um crescimento espantoso nos seus negócios, decidiu concentrar-se definitivamente no mercado corporativo e cancelou a distribuição gratuita do seu sistema operacional para a comunidade. O Red Hat 9 foi o último Red Hat grátis e ainda pode ser baixado AQUI, mas o fato é que eu, assim como muitas pessoas, fiquei esperando o Red Hat 10 e ele nunca saiu. A Red Hat passou a somente vender seu produto… e não é que ela não vendesse o Red Hat antes. A Red Hat foi a pioneira em empacotar um Linux e oferecer 100% de suporte aos seus clientes, mas o fato é que o fim do Red Hat grátis marca o nascimento do Fedora.

Fedora era o nome de uma pequena equipe de voluntários que participava criando alguns pacotes para o Red Hat e que, posteriormente acabou sendo absorvida pelo Fedora Project. Vale ressaltar que o Fedora não é o Red Hat e que o Projeto Fedora é um projeto com suas próprias metas e táticas de desenvolvimento, sendo, somente, patrocinado pela Red Hat.

O Fedora tem como seu principal objetivo ser o pioneiro em tecnologia de software e testar novas idéias. Basicamente, como usuário Fedora, posso sempre afirmar que tenho instalado em meu computador a versão mais atual de uma imensa lista de softwares e, ainda mais, são grandes as chances de que um usuário Fedora seja o primeiro a experimentar um novo software que as outras distribuições podem levar de seis meses a um ano para poder experimentar.

Sempre há muitas atualizações, tanto que não é raro fazer download de um Fedora e deparar-se com 600 MB de update (mas não se desespere, para isso a equipe lança os respins que são remasterizações dos discos com tudo atualizadinho), no entanto, muitas atualizações não significam, necessariamente, que há muitos problemas. As atualizações refletem, em grande maioria, a própria evolução dos softwares instalados e não significam bugs, geralmente.

Estabilidade:

A distribuição é muito estável, mesmo com a grande quantidade de atualizações e é raro ver um Fedora travando ou passando por um Kernel panic que não seja por motivo de alguma má configuração do próprio usuário. Ainda vale o ponto sempre forte de que se trata de um linux e como todo Linux, o Fedora herda essa estabilidade característica.

Fedora desktop/estação de trabalho/servidor:

Justamente pelo fato de o Fedora sempre usar tudo que há de mais atual em software, ele se enquadra nas três categorias. Durante a instalação, o usuário pode selecionar perfis que melhor se ajustem às suas necessidades e é fácil transformar uma instalação “em branco” do Fedora num sistema multimídia com aplicações de áudio, vídeo e gravação, assim como deixá-lo bonito, com efeitos de cair o queixo ou montar um servidor com rígidas políticas de segurança (sempre ressaltando que os softwares serão os mais atuais possíveis).

Fedora como servidor: uma má idéia?

Se você tem um sistema operacional para diversão ou apenas para as tarefas corriqueiras da vida de um mero mortal, provavelmente não se importará em reinstalar seu Fedora 7 para experimentar as novidades no novo Fedora 8. O desenvolvimento é muito rápido e a cada 6 meses (mais ou menos) há um novo fedora saltando por aí. Você também não se importará em saber que dentro de aproximadamente 13 meses aquele Fedora mais antigo deixará de receber atualizações e será descontinuado os planos do Fedora Project. Mas, se voc|ê é um administrador de rede ou se gerencia um servidor que vive em alta carga, sabe que “em time que está ganhando não se mexe”. Isso equivale a dizer que depois que seu servidor estiver pronto, você rezará aos céus para nunca mais ter que mexer nele e a simples idéia de saber que seu servidor Fedora vai sair de linha dentro de 13 meses pode ser desanimadora.

Não quero dizer que o fedora não vai ser um bom servidor. A verdade é que ele vai ser um ótimo servidor, no entanto, o rápido ciclo de atualizações pode fazer do Fedora uma má escolha se você se importar em ter que reinstalar seu servidor a cada 13 meses. Ainda tenho máquinas rodando Fedora 3 que nunca deram problema, mas isso não significaria que estou disposto a ter um sistema que deixou de receber updates. Lembre-se: “em time que está ganhando não se mexe” e é por essa máxima que ainda existem servidores por aí rodando linux tão antigos que usam o velho kernel 2.2. Para resumir, se você não se importa em deixar de ser atualizado a cada 13 meses, o Fedora será uma boa escolha. O que eu uso nos meus servidores? Uso CentOS. =) Já veremos o motivo.

CentOS:

Centos significa Community ENTerprise Operating System e se você não o conhece deveria conhecer. A verdade é que nós, do Projeto Fedora, amamos o CentOS pois é preciso admitir que eles são “os caras”. Cada CentOS é uma cópia fiel do Red Hat Enterprise Linux (RHEL) pago, retirando somente as logomarcas e o nome Red Hat para não infringir nenhuma licença de uso.

Uma vez que a Red Hat disponibiliza seus códigos fontes, o que a comunidade CentOS faz é compilá-los, distribuindo um RHEL grátis para qualquer um que desejar usá-lo.

Cada CentOS é 100% compatível à sua contraparte RHEL, isso significa que o CentOS 5.1 é compatível com o RHEL 5.1, assim como o 5.0 é 100% compatível com o RHEL 5.0 e daí por diante.

A equipe CentOS não perde tempo e trabalha de maneira muito competente para manter o CentOS sempre em sincronia com o RHEL, tanto que para cada atualização lançada para o RHEL, leva no máximo 72 horas para que a mesma esteja disponível nos repositórios do CentOS.

Ao contrário do Fedora, o CentOS não conta com o patrocínio da Red Hat e é totalmente mantido e patrocinado por uma comunidade de profissionais e empresas voluntários que contribuem com doações ou com trabalho especializado, tornando o CentOS possível.

Estabilidade:

Os softwares que vêm no CentOS são tão estáveis quanto os softwares que vêm no RHEL. Apenas dizer isso já seria uma garantia de que o sistema é sólido e de que cada software, antes de ser colocado na distribuição, foi testado exaustivamente para garantir a segurança e a funcionalidade. Isso, é claro, também significa que o Centos não vem com os softwares mais atuais; em vez disso ele troca o caráter experimentador do Fedora por um caráter conservador.

CentOS desktop/estação de trabalho/servidor:

Assim como o Fedora, CentOS também pode ser mudado simplesmente escolhendo-se um perfil durante a instalação. Basta adicionar alguns poucos repositórios para tornar seu CentOS, naturalmente sério e rigoroso, numa estação de trabalho divertida e bonita. O CentOS 5,1 é o equivalente a um Fedora Core 6 muito estável e ele já vem pronto para ser um servidor que funcione em produção, necessitando apenas ser configurado de acordo com as necessidades do profissional. Ao contrário do Fedora, o ciclo de vida do CentOS é longo e cada versão recebe atualizações por incríveis 7 anos. Isso significa que seu servidor usando CentOS 5 vai continuar recebendo patches e updates até 2014. Se você é uma empresa média ou pequena e que não pode (ou quer) arcar com os custos de um RHEL, mas deseja um sistema estável e de nível Enterprise, CentOS é a sua melhor escolha, mas, é claro, ao abrir mão de pagar pelo RHEL você também abre mão de ter uma empresa que lhe dê todo o suporte e passa a confiar na ajuda da comunidade CentOS que disponibiliza documentação em sites e ajuda em fóruns.

O que a Red Hat pensa sobre o CentOS?

Embora a Red Hat não esteja ligada ao CentOS de nenhuma forma, ela vê com bons olhos a iniciativa e chega a recomendá-lo em alguns casos. Eu só soube o que o CentOS realmente era quando comecei a me preparar para o Exame de RHCE e fui procurar maneiras de estudar o Red Hat Enterprise Linux sem usar nada que fosse “pirata” ou ilegal. Fiquei surpreso ao ler que a própria Red Hat recomenda que procurássemos por distribuições como o CentOS para levar adiante os estudos sem ter que pagar os preços de uma distribuição enterprise.

Por fim, ainda falando sobre o CentOS, se você tem uma empresa que usa CentOS ou se você é um profissional que procura uma boa (e estável) solução, considere contribuir para a Comunidade CentOS com doações financeiras ou contratando servidores dedicados. Isso é muito menos do que você pagaria para usar o RHEL e vai garantir que o CentOS terá uma vida longe (e próspera). Se quiser colaborar de alguma forma, veja como proceder AQUI.

Red Hat

A Red Hat começou suas atividades em 1995, com Bob Young e Mark Ewing. O Red Hat 1 teve o codinome Halloween e foi o primeiro passo dado por uma empresa que se tornaria uma das maiores do software livre no mundo. O nome Red Hat vem de uma história interessante: Mark Ewing gostava de usar um chapéu vermelho e sempre que era procurado diziam para falar com o “cara do chapéu vermelho”. O nome veio naturalmente.

O sistema Red Hat pode ser adquirido gratuitamente quando você baixa o CentOS, mas o diferencial é o serviço. A Red Hat tem uma equipe composta por engenheiros e técnicos que passam por testes extremamente rigorosos durante a capacitação. O exame para RHCE tem a duração de 6 horas e é uma mistura de situações teóricas e práticas que coloca o profissional em uma situação de stress e pressão, tudo para garantir que, depois de aprovado, poderá prover o melhor serviço.

O atendimento é personalizado ao extremo e chega ao ponto de você, como cliente, poder passar as suas especificações de hardware para receber um Red Hat com kernel recompilado especialmente para o seu uso.

O RHEL é um sistema operacional recomendado para grandes empresas que rodam aplicações vitais e não podem abrir mão de um suporte extremamente especializado, 24 horas por dia. Os serviços são caros (podendo ir de US$ 80 até alguns milhares de dólares), mas a Red Hat tem como meta a excelência nos serviços que presta.

Fonte: lonelyspooky.com