Ex-editor do Linux Journal, Nicholas Petreley, defende que o sistema operacional aberto dará início a um grande momento do “lado do cliente" | ||
O cliente genérico perfeito A longo prazo, o Linux será o cliente genérico perfeito. Este é o aspecto central do desenvolvimento de softwares gratuitos, que faz deste o ponto focal para a computação genérica e aberta. À medida que as pessoas continuam a utilizar o Linux como base para telefones celulares, ou gravadores de vídeo digital, (Digital Video Recorders, como TiVo e Dish Network), roteadores e outros sistemas dedicados, ele está se tornando presente praticamente em todas as plataformas, exceto o PC. Isso apenas torna mais provável que ele domine o PC no futuro. Quanto mais o Linux se torna a plataforma padrão consagrada para o desenvolvimento de software de qualquer tipo, mais atraente ele fica como a plataforma para computação pessoal. Qualquer superposição entre dispositivos e PCs economiza a duplicação de esforços. O vasto repositório de softwares gratuitos disponíveis mediante uma simples solicitação faz o Linux ser ainda mais atrativo como a base para desenvolvimento. Quanto mais dependermos desse tipo de computação, mais invisíveis os sistemas operacionais se tornarão. A maioria das pessoas não sabe ou não se preocupa com que sistema operacional seu telefone celular funciona. Sempre podemos nos preocupar mais com o que estamos executando em nosso PC, mas a diferença entre os dois desaparecerá gradativamente. Quando isso acontecer, o Linux deverá ser a melhor opção, porque ele já é prevalente em muitos dispositivos. O Linux só não pode obter sucesso como um cliente genérico de computação em rede. As pessoas continuarão a utilizar seus PCs como uma estação de trabalho capacitada, mesmo quando isso não for apropriado. Fazer isso é da natureza dos usuários de computadores. Por essa razão, o Linux precisa de uma experiência em desktop que seja persuasiva. Ele já dispõe do Compiz Fusion, mas mesmo que a capacitação para 3D no Linux não exija os mesmos recursos de hardware que o Vista, muitos usuários do Linux ainda se recusarão a instalar o Compiz ou resolverão desativá-lo. O desktop precisa de um avanço mais substancial em seus conceitos. O novo KDE, denominado KDE4, parece ser promissor nesse sentido. Aparentemente, os desenvolvedores do KDE estão tentando acrescentar algo de novo à experiência em desktops, que não seja apenas “para inglês ver”. O KDE4, ou partes dele, será executado no Windows e no Mac OS-X, mas ele será totalmente nativo no Linux, e deverá beneficiar o Linux mais do que qualquer outra plataforma. O KDE4, a proliferação do Linux nos dispositivos, a tendência para a computação genérica em rede, o fato de que o Linux é “livre” (tanto em termos de liberdade quanto pelo fato de ser gratuito), e outros fatores contribuem para o seu inevitável sucesso nos desktops. Mas o Linux ainda precisa de algo mais. Ele precisa de oportunidades para suplantar os sistemas herdados e também tem de superar alguns importantes obstáculos. As oportunidades do Linux Como foi observado anteriormente, as pessoas deverão estar mais propensas a mudar para um novo sistema operacional quando a questão passar a envolver dinheiro. A Microsoft deveria ser esperta, no sentido de continuar proporcionando suporte técnico para o Windows XP, que é considerado "suficientemente bom", uma vez que qualquer iniciativa para forçar as pessoas a fazerem a atualização para o Vista poderá criar a referida situação "de passar a envolver dinheiro". O risco de se ajustar a um novo sistema operacional se torna muito mais agradável, quando isso permite economizar o custo de atualizar para um desktop do qual você sabe que não vai gostar. Talvez, o erro mais grave da Microsoft tenha sido sua fracassada tentativa de utilizar a SCO como um instrumento para criar medo, incerteza e dúvida sobre o Linux. Quem apoiou a SCO agora está agüentando as conseqüências. Isto torna muito menos provável que os analistas de alto nível cometam o mesmo erro, agora que a Microsoft está atacando o Linux diretamente, ao afirmar que ele viola suas patentes de software. Quando lançou o Windows 95, a Microsoft deu início a uma estratégia que terminaria por deixá-la em uma situação bastante complicada. Por um lado, ela teve sucesso ao aproveitar sua única vantagem, integrando aplicativos de 32 bits do Windows para eliminar praticamente toda a concorrência no setor de aplicativos para desktop de uso comum. O problema é que a Microsoft acabou ficando sem amigos. Por exemplo, se o Lotus Smartsuite e o WordPerfect Office ainda estivessem competindo com o Microsoft Office, seria praticamente impossível para o Linux entrar no mercado de desktops. As companhias ficariam felizes em coletar seus rendimentos com os aplicativos do Windows. Não haveria nenhum incentivo para apoiar outra plataforma para desktop. Infelizmente, para a Microsoft, esse não é um erro que ela pode consertar facilmente. Ela não pode arcar com as conseqüências de desistir de sua significativa participação de mercado com o Office apenas para tentar reconquistar alguma lealdade para a plataforma Windows. Agora que os danos já foram causados, as companhias estão mais inclinadas a apoiar plataformas nas quais o campo de atuação seja estável, e é aí que está a oportunidade para o Linux e outros sistemas operacionais para desktop. Outro problema com essas oportunidades geradas pelas atitudes da Microsoft é que elas simplesmente tornam mais fácil para qualquer sistema operacional alternativo conquistar participação no mercado de desktop, não necessariamente o Linux. O Mac OS-X poderá colher tais benefícios, e provavelmente já está fazendo isso. O Linux poderá ficar em vantagem, a longo prazo, mas em curto prazo, é necessário que sejam feitas algumas mudanças adicionais no Linux para que ele possa explorar essas oportunidades, além de também ter de superar alguns obstáculos importantes. Obstáculo: são necessários mais sistemas Linux pré-instalado Alguém pode argumentar que, atualmente, os instaladores do Linux estão fazendo um trabalho melhor de reconhecimento de hardware. Isso é irrelevante. A instalação mais fácil é aquela que você não precisa fazer. É por isso que muitas pessoas acreditam, quer seja verdade ou não, que o Linux é mais difícil de ser instalado do que o Windows. É que eles têm de instalar o Linux, mas não precisam instalar o Windows. Quando compram um PC, o Windows já vem instalado. O Mac OS-X tem a vantagem, nesse aspecto. Compre um Mac, e o seu sistema operacional de desktop estará instalado para você. O modo de superar este obstáculo é óbvio. Obtenha o Linux pré-instalado em PCs, e os usuários do Linux não precisarão lidar com os aspectos da instalação. Ubuntu e Dell formaram uma parceria para disponibilizar o Linux pré-instalado. Isso é um grande começo, mas é apenas um começo. O Linux precisará de um suporte técnico muito mais amplo nas pré-instalações, a fim de ter sucesso nos desktops. Obstáculo: o KDE precisa substituir o GNOME como a GUI preferida do Linux Este obstáculo não é tão insuperável quanto parece. Alguém deve se lembrar de que o WordPerfect, certa vez, praticamente dominou o mercado de produtos para processamento de textos, mas as pessoas conseguiam encontrar um meio de migrar para o Office. A Microsoft fará de tudo para tornar difícil qualquer transição a partir do Office, mas ela ainda é possível. O atrativo dos formatos abertos de documentos é inegável, pois eles fazem bem mais sentido do que a “viagem praticamente de mão-única” para o Office. A migração para os formatos abertos de documentos é uma iniciativa em direção à compatibilidade garantida, no futuro. Conclusão Apesar dos obstáculos envolvidos, existe uma boa razão para ser otimista sobre o Linux no setor de desktops. Este autor vem utilizando o Linux para desktop quase que exclusivamente, desde meados da década de 90, embora ele exigisse muito mais experiência prática em computadores naquela época do que exige atualmente. |