Linux para o mercado SMB: lento, sólido ou ambos?


O avanço de open source por nas pequenas e médias é impulsionado pelo baixo custo do ciclo de vida, bem como outros fatores e há quem defenda que a adesão seja inevitável.

Para qualquer lugar que você se vira, hoje, esbarra em um fornecedor de olho no mercado de pequenas e médias empresas (SMBs). As SMBs estão se multiplicando e representam um segmento do mercado de TI que ainda não foi totalmente explorado por muitas organizações, incluindo os fornecedores de software de código aberto que alcançaram sucesso rápido junto às grandes empresas.

Os fornecedores se deparam com obstáculos para entrar no espaço das pequenas e médias empresas. Elas relutam a apostar em uma solução open source em um mercado dominado pela Microsoft. Querem soluções de TI que sejam fáceis de instalar, configurar e manter. A marcha dos fornecedores de software de código aberto, portanto, é lenta, mas está acontecendo.

Quase três anos atrás, a AMI Partners pesquisou a participação do Linux no mercado SMB. O estudo mostrou que o Linux estava presente em aproximadamente um quarto de todas as empresas com 100 a 249 funcionários. A concentração maior de usuários Linux foi encontrada no setor de serviços.

Na verdade, muitas SMBs que utilizam Linux e software open source atuam na indústria de TI e já são familiarizadas com soluções open source e sua configuração e manutenção. As revendas estão integrando soluções de código aberto às suas ofertas para o mercado SMB.

A Avocent, empresa de TI que oferece produtos de gerenciamento, incluindo equipamento KVM e console serial, delineou uma estratégia de negócio destinada a capitalizar o mercado SMB. A Avocent lançou um produto de gerenciamento de servidor Linux desenvolvido especificamente para este mercado.

“As pequenas empresas querem economizar dinheiro em tecnologia”, diz Kamini Rupani, diretor de produto da Avocent. “Em uma época de licenciamento rigoroso, custos de software crescentes e baixos custos iniciais do Linux e seu arsenal de ferramentas, as SMBs estão adotando a estratégia de cogitar software open source. O Linux é apropriado para organizações menores porque permite escalas como incremento sem grandes gastos monetários iniciais. As SMBs podem se adequar para melhor suprir suas necessidades com Linux”, afirma.

Entre outras economias associadas ao código aberto, está o uso de servidores Linux em uma variedade de funções – por exemplo, como servidor de arquivos e servidor web. Os servidores Linux também podem atender um grande número de usuários sem custo extra além do hardware adicional.

Heather Boyer, diretor de gerenciamento de produto da Verio, fornecedora de rede IP (Internet Protocol), credita o atrativo do Linux e de soluções de código aberto no mercado SMB a três fatores: redução de custos, fim da dependência em relação a um único fornecedor e maior segurança.

A Microsoft está abraçando apaixonadamente o mercado SMB, mas o argumento de Boyer de “fim da dependência em relação a um único fornecedor” é algo a que a SMB não se oporia.

“As pessoas estão aprendendo que software proprietário de uma única fonte é ruim para o negócio no longo prazo. Além de ficarem condenadas a pagar preços mais altos ao longo da vida útil do produto, em muitos casos a tecnologia proprietária não é adequada para resolver diretamente os problemas de negócio que elas estão enfrentando”, diz Dave Roberts, vice-presidente de estratégia da Vyatta, que fornece uma solução roteador e firewall open source baseada em Linux.

Segundo ele, o código aberto permite que as pessoas façam modificações e adaptem a solução ao seu problema específico. Em muitas situações, consultores e parceiros de negócio estão ajudando-as a desenvolver o sistema de que precisam utilizando o open source como matéria-prima.

O avanço de open source por SMBs é impulsionado pelo custo mais baixo de seu ciclo de vida, bem como outros fatores. “O ritmo de implementações de Linux está tão veloz que talvez se torne difícil mantê-lo. Mas a adoção crescente, esteada em diversas motivações, dependendo da região, é uma evidência convincente para outros que estão cogitando o Linux”, acrescenta Rupani.

“O Linux oferece flexibilidade, propriedade e segurança a baixo custo. Com uma variedade de cenários de retorno do investimento para governo, negócio e educação, o Linux está acelerando não só a inovação tecnológica, mas também o desenvolvimento econômico e social em todo o mundo”, diz.

Segundo Boyer, as grandes empresas que adotam open source ajudam a conquistar as mentes e os corações de SMBs. “O endosso de governos asiáticos e europeus está aumentando a credibilidade das soluções open source e até fomentando esforços concentrados para eliminar a dependência em relação a um único fornecedor”, afirma Boyer. “Nos últimos anos, o aumento do suporte de fornecedores estabelecidos contribuiu para conscientizar mais as SMBs e está impulsionando a adoção do Linux de uma maneira geral.”

De acordo com Ellen Libenson, vice-presidente de gerenciamento de produto da Symark, que oferece soluções de gerenciamento de senha e usuário para ambientes Unix e Linux, um dos fatores de custo importantes a favor do Linux nas SMBs é ser implementado, normalmente, em hardware commodity que elas podem adquirir ou trocar em uma loja de informática local.

“Os custos de manutenção iniciais e contínuos são muito razoáveis em comparação a hardware proprietário”, diz Libenson. “O que se tornou uma nova e importante tendência é a maturidade do processo de instalação e configuração”, acrescenta.

Montar uma rede baseada em Linux costumava ser um esforço de configuração. Entretanto, a maioria das distribuições de servidor Linux agora inclui funcionalidade de implementação e gerenciamento que as transformam em acréscimos lógicos à rede baseada em Microsoft de uma SMB.

Gerald Carter, da Likewise Software, tem um tutorial popular na LinuxWorld Conference & Expo que ensina a integrar novos servidores Linux em um ambiente Microsoft Active Directory. Agora, um produto Likewise open source, o Likewise Open, foi integrado a várias distribuições Linux populares, tornando mais fácil incorporar um servidor Linux a um ambiente Active Directory existente.

Outros dados de pesquisas
Alguns acham que a incursão do Linux e de open source no espaço SMB não é tão sólida quanto pode parecer. Outra empresa de pesquisa de TI, The 451 Group, descobriu que isso ainda vai demorar um pouco para acontecer de fato.

De acordo com o estudo, o segmento SMB é responsável por menos de 50% da receita de quase três quartos dos fornecedores de open source. Metade dos fornecedores acredita que o segmento SMB contribuirá para um crescimento significativo do seu negócio no futuro e para cerca de um terço isso não acontecerá.

A pesquisa do The 451 Group revela ainda que o domínio da Microsoft no mercado SMB é uma barreira expressiva para muitos fornecedores de software open source que tentam se infiltrar nele, e é improvável que qualquer mudança ocorra em breve.

Produtos Windows e Office, por exemplo, são suportados por um leque respeitável de profissionais com certificação MCSE (Microsoft Certified Systems Engineer). Em contrapartida, os profissionais com certificação em open source para a comunidade SMB são escassos.

O levantamento do The 451 Group aponta que as áreas mais amadurecidas de adoção de código aberto no nicho SMB serão aquelas com menor domínio da Microsoft.

Será difícil enfraquecer a influência da Microsoft na América do Norte, mas na Ásia, Europa, Índia, América do Sul e em outras regiões o crescimento de Linux e de software open source deverá ser rápido, alimentado por diretrizes e preferências governamentais e comerciais locais”, diz Jay Lyman, analista do The 451 Group, em um comunicado divulgado junto com a pesquisa.

Ainda assim, persiste o paradigma de que o Linux veio para ficar e que as pequenas e médias empresas são a próxima grande mina de ouro. Este paradigma já existe há alguns anos e mais cedo ou mais tarde o Linux será parte integrante da infra-estrutura de TI das SMBs.

“O código aberto é uma tendência do mundo de TI: resistência é fútil”, afirma Roberts, da Vyatta. “Em algum momento, você será assimilado. É difícil dizer se acontecerá em 3, 5 anos ou mesmo 10 ou 20 anos, mas a tendência, definitivamente, é essa”, decreta.